O céu já não é o limite

Nos meses seguintes ao anúncio do Rio como sede das Olimpíadas de 2016, o mercado carioca começaria a dar sinais do que se revelaria um panorama assustador. Os aluguéis entraram numa escalada que ainda continua, dois anos depois, alcançando valores nunca imaginados. Não à toa, pequenas lojas e estabelecimentos com alguma personalidade vêm sendo praticamente expulsos de seus pontos, sem fôlego parabancar as cifras praticadas. Nodia a dia, os habitantes deparam com preços que vão se distanciando de qualquer parâmetrorazoável. E os turistas… Bem, os turistas que vieram passar aqui o Réveillon ou se preparam para o Carnaval sentem no bolso os males dessa supervalorização.

Tudo bem, você pode dizer que Réveillon e Carnaval, seja onde for, são sempre caros. Mas, no caso do Rio, “caro” nem é mais a palavra. Os indícios de que algo está fora da ordem se evidenciaram já nas tarifas praticadas pelos hostels da cidade. Quartos coletivos no Ipanema Beach House e no Leblon Spot estavam custando três vezes mais na última semana do ano. Se nos outros dias você desembolsava cerca de R$ 60, no Réveillon pagava-se algo em torno de R$ 160 – para dividir o quarto com, no mínimo, outros seis. Num hostel mais moderninho, comoo Z.Bra, a diária de um quarto com nove camas era anunciada por R$ 180. Se a intenção é vir para o Carnaval, a diária sobe para R$ 260.

Passando para os hotéis, o Mercure, em Ipanema, cobrava, no fim do ano, diárias de R$ 1 200. No Ritz Leblon, R$ 1 600 por apartamentos standard, que, acreditem, já estavam esgotados no início de novembro. Pasmem: um quarto de solteiro para o mesmo período no Plaza Athénée, em Paris, por exemplo, custava quase a mesma coisa. A pergunta que me faço: o Rio de Janeiro vale quanto custa? Amo a minha cidade. Mas tenho de admitir que não vale o que estão cobrando por ela. Cidade nenhuma vale.

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